ANÁLISE CLÍNICO-MORFOLÓGICO DE NEFROPATIAS EM AUTÓPSIAS
Resumo
Introdução: Estudos indicam que a frequência das alterações renais na literatura é diferente da encontrada em autopsias. Objetivo: Determinar a frequência de nefropatias em pacientes autopsiados. Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo com análise de 673 autopsias de pacientes com alterações renais, no período de 1977 a 2007. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, índice de massa corporal (IMC), peso renal, causa de morte, grau de aterosclerose, relação do peso renal/corporal e comprometimento renal. Resultados: Foram observadas alterações renais em 97% dos casos, sendo mais frequente a nefroesclerose (NE) benigna. As maiores idades foram observadas nos casos com NE benigna e neoplasia renal, e as menores nos casos com necrose tubular aguda (NTA), hidronefrose, e NE Maligna. O IMC foi maior nos casos com NTA e menor nos casos com malformação renal. Houve correlação positiva entre o IMC e a relação peso renal/corporal (Sr: 0,225; p<0,001). Esta relação foi significativamente menor nos casos com glomerulonefrite. A causa de morte cardiovascular foi mais frequentemente associada à NE benigna, NE maligna e enfarte. A idade e o grau acentuado de aterosclerose interferiram negativamente no peso renal. Discussão: Nossos dados demonstram que a maioria dos indivíduos apresentava alguma nefropatia, que embora não tenha levado a sintomatologia, podem indicar as principais representações morfológicas em resposta a insultos ocorridos durante a vida. Conclusões: Este estudo contribui para um melhor entendimento das nefropatias e demonstra que mesmo quando a alteração renal não apresenta sintomatologia ela pode se associar com características epidemiológicas.
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