MANEJO DE PACIENTES IDOSOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19

Luciellen Neurianne dos Santos Carneiro

Resumo


O envelhecimento é um processo natural, que ocasiona uma redução gradual dos aspectos biológicos funcionais da pessoa, tornando-a senil, que por si só não é sinônimo de problema. Entretanto, há casos, em que o indivíduo apresenta   doenças, dificuldade de mobilidade, quedas com frequência e estresse emocional - pode ser considerado um agravante, inclusive necessitando de cuidados específicos.  Contudo, a qualidade de vida, nesse processo de senescência, será de acordo com os hábitos e estilo de vida do idoso, podendo até ter seus efeitos negativos diminuídos, se a rotina durante a vida for saudável e ativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

Estamos vivenciando um momento crítico em todo o mundo, causado pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2), esse que teve seu início na cidade de Whuan, China, em dezembro de 2019 - foi se expandindo por toda China e, de forma rápida, foi disseminado entre os outros países.

O Brasil está entre os países que foram afetados pelo vírus. Em 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde - OMS - declarou pandemia de Covid - 19, devido aos altos níveis de disseminação do vírus entre as nações, aumento nos casos de pessoas contaminadas e um recorde em mortes. As investigações sobre as formas de transmissão do coronavírus são por contato de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato.

Qualquer pessoa que tenha contato próximo (cerca de 1m) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposta à infecção. É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada, principalmente para os indivíduos que fazem parte do grupo de risco.

Inicialmente, de acordo com os dados da OMS, foram incluídas no grupo de risco as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças crônicas (cardiovasculares, diabetes, hipertensão e doença pulmonar obstrutiva crônica) e os pacientes com câncer diagnosticados há menos de cinco anos. Os últimos estudos, porém, propuseram novos fatores: pacientes em diálise ou outro tratamento para doença renal crônica, obesidade, asma moderada ou grave e tabagismo.

Mas, mesmo assim, os cuidados com a população idosa sempre demandaram mais atenção nos quesitos de saúde pública, pois a mesma necessita de atenção maior devido à debilitação do organismo ao longo dos anos.

Dessa forma, essa população alvo possui o hábito de ir à Unidade Básica de Saúde (UBS) para receber seus remédios; efetuar consultas, aferição de pressão, controle da glicemia, vacinação, troca de curativos; para participar de atividades de prevenção e promoção das doenças cardiovasculares - com os grupos que realizam práticas de exercícios feitos com um profissional; dentre outros. Esses serviços oferecidos pela UBS geram uma aglomeração de pessoas e, desde o início dos primeiros casos registrados no Brasil em 2020, foram necessárias mudanças nessas rotinas, tomando-se, assim, novas medidas para que essa população seja menos exposta aos riscos do novo Coronavírus. Tais alterações resultaram, para muitos idosos, descontentamento, elevando o índice de ansiedade e de depressão.

Um modelo de prevenção para essa nova doença foi criado, englobando o máximo possível de medidas preventivas para evitar a disseminação da SARS-CoV-2. Mesmo que não se saiba muito sobre essa doença, essas medidas mostraram resultados significativos quanto à diminuição da disseminação da mesma.

Uma das medidas tomadas foi o isolamento social - indicado, principalmente, para indivíduos de faixa etária maior ou igual a 60 anos - justamente pelo fato de essas pessoas pertencerem a grupo de alto risco, devido a fatores imunológicos e agravamento de doenças de base.

O isolamento nessa faixa etária é preocupante, pois a rotina do idoso acaba sendo obrigatoriamente modificada. A restrição das visitas, principalmente de familiares, gera uma aflição por parte do idoso, aumentando o risco de novas doenças, tanto físicas quanto psicológicas.

Os cuidados com os idosos dependem também das pessoas ao seu redor: sejam profissionais da saúde ou familiares. Eles estão em situação de vulnerabilidade, por isso as medidas são tão importantes para sua preservação.

Portanto, é importante estabelecermos medidas de higiene como a lavagem das mãos com água e sabão e, fora de casa, sem sujidade aparente, pode-se utilizar o álcool em gel. Vale ressaltar que é indicado como cuidado evitar encostar em superfícies, sejam elas corrimãos, paredes, alimentos, dentre outros, pois os mesmos podem estar contaminados. Sempre que comprar alguma coisa no mercado, como hortifruti e afins, faz-se necessária a boa higienização dos itens comprados, pois eles podem carregar o vírus. Ao sair de casa, adquirir como hábito o uso de máscara e sempre lembrar de manter uma distância de segurança de pelo menos 2 (dois) metros de outro indivíduo. Ressaltamos, também, que essas medidas foram preconizadas para toda a população, não somente para os idosos.

A fim de manter o indivíduo idoso em segurança, é recomendado que outras pessoas mais jovens, que convivem na mesma residência, se desloquem para realizar as atividades necessárias do cotidiano, amenizando a exposição desse idoso ao vírus, além das medidas já supracitadas neste texto. É de extrema importância abordar outros cuidados com a população idosa durante a pandemia.

Por ser uma doença nova, sem precedentes, gera insegurança em relação ao uso de medicamentos. É essencial que o idoso que faz uso contínuo de medicação não interrompa o tratamento e, caso apresente os sintomas do Covid-19, sempre procure uma unidade de saúde para ser orientado. Ele não deve ingerir medicamentos que não foram prescritos por médicos. Outro cuidado importante é garantir a vacinação em dia desse grupo, sempre explicando a importância da vacina e ressaltando que ela não o torna imune ao Coronavírus e sim, a outras patologias.

Apesar do momento ser de isolamento social, não é necessário se isolar dos idosos de seu convívio totalmente. É de suma importância que esses idosos saibam que são queridos por sua família e amigos, que os vejam em vídeo chamadas ou mantenham outro tipo de comunicação, para não adquirirem nenhum tipo de transtorno de ansiedade ou depressão por falta de interação.

Portanto, é necessário que se façam ligações diariamente, enviem mensagens de texto, incentivem-nos a se exporem ao sol, mesmo que no quintal de suas residências, que se reforcem a importância de uma alimentação saudável, conversar sobre as dúvidas que eles possam apresentar e que se mantenha clara a mensagem que o distanciamento e a higienização mais severa são apenas mais uma forma de cuidado com eles para mantê-los em segurança.

O isolamento social dos idosos deve ser físico, entretanto, se eles forem realmente totalmente isolados, sofrerão psicologicamente. Os danos psicológicos podem desencadear danos físicos. A eles devem ser adotadas medidas peculiares de isolamento, adotando-se a maximização de higienização e a minimização do afastamento social. Somente dessa forma estarão seguros e, ao mesmo tempo, eles se sentirão amados.


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EDITORIAL

Referências


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